Por: DesinstituteInúmeras pessoas, incluindo presos políticos, tiveram seus direitos violados ou perderam suas vidas em manicômios durante a Ditadura Militar. Entenda como a política manicomial foi usada como aparato de repressão

Durante a Ditadura Militar brasileira, que se estendeu de 1964 a 1985, o Estado não hesitou em utilizar instituições psiquiátricas como ferramentas de opressão, tortura e até mesmo para encobrir os rastros de seus opositores políticos. 

Os presos políticos, desde então, enfrentaram uma série de horrores dentro dessas instituições. Submetidos a violências desumanas, como a eletroconvulsoterapia e o uso de medicamentos à base de escopolamina, também conhecidos como “Soro da Verdade”, eles eram forçados a suportar uma série de torturas. Essas práticas, disfarçadas de tratamento terapêutico eram, na verdade, formas de punição.

Investigações realizadas pela Comissão Estadual da Verdade, no Rio de Janeiro, revelaram que o Hospital Central do Exército foi cenário de inúmeras atrocidades contra aqueles que se opunham ao regime militar. Além das sessões de tortura, o hospital era usado para encobrir as verdadeiras circunstâncias das mortes dos presos políticos, muitas vezes fabricando laudos falsos. 

O horror não se limitava apenas aos hospitais militares. Em alguns casos, os próprios torturadores estavam inseridos no corpo clínico, como no caso do coronel-médico do exército Carlos Victor Mondaine Maia, conhecido como “Dr. José”, responsável por liderar equipes de tortura.

Denúncias também apontaram para a ocultação de documentos, superlotação, condições insalubres e indivíduos submetidos a castigos físicos e químicos. Muitos eram internados cronicamente, passando o resto de suas vidas em manicômios.

No Complexo do Juquery, por exemplo, um levantamento interno revelou mais de 12 mil óbitos entre 1965 e 1989, muitos com paradeiro desconhecido. Incêndios que atingiram parte dos arquivos do hospital tornaram a investigação ainda mais complexa.

Alguns corpos foram enterrados no próprio Juquery, enquanto outros foram encontrados em valas clandestinas, como a de Perus, no Cemitério Dom Bosco, destinada a populações tidas como indigentes. Em investigações recentes, ossadas de desaparecidos políticos foram descobertas.  

Leia a matéria completa – 28/03/2024

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Celio Calmon

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