Por: Pedro Henrique Antunes da Costa – EsquerdaOnline – Muito se fala sobre a influência da experiência italiana para a Reforma Psiquiátrica brasileira, sobretudo a importância das iniciativas coordenadas por Franco Basaglia em Gorizia e fundamentalmente em Trieste – com essa última tendo continuidade, a partir de 1979, pela coordenação de Franco Rotelli. Para Basaglia (2024) (1), o processo de cuidado se pautava (e se pauta) pelo desenvolvimento de momentos de troca, de solidariedade, com vistas a uma socialização mais enriquecida e, portanto, mais humanizada; se orienta à criação ou ao fortalecimento de espaços realmente comunitários. Logo, o objetivo é “criar um centro social, não um centro de saúde mental” (p. 596), indo na contramão do especialismo reinante nos processos assistenciais na saúde mental, isto é, de que a assistência, de que o cuidado só existem e são realizados nos e pelos serviços especializados, por profissionais especializados. Tanto que o objetivo de Basaglia não era: aquele de reforçar o centro, mas aquele de eliminá-lo. Um centro que sobrevive demasiado se institucionaliza e vira outro manicômio Porque, evidentemente, a única coisa que se pode fazer num centro é uma comunidade terapêutica que acabaremos por gerenciar de forma psiquiátrica, pois inevitavelmente se aprende a lidar com os problemas de maneira paternalista, e a situação de alienação permanece sempre a mesma… as contradições somem superficialmente pelo protecionismo, mas não desaparece o húmus, o terreno no qual se pode afrontar as determinantes dos problemas da doença e do sofrimento como produtos das contradições histórico-sociais (p. 595).
Leia a matéria completa – 09/12/2024