Em 1936, cidades, fábricas e corações ferviam: explodia a memorável guerra civil espanhola, contexto em que vicejaram iniciativas como a coletivização de cidades, autogestão de fábricas e serviços e, em algumas cidades, até mesmo a abolição do dinheiro.
Mesmo com todas as contradições – assim como todos os processos históricos –, a guerra civil espanhola abalou antigas estruturas em busca de construir novos mundos. Médicos, psiquiatras e psicanalistas também participaram dessa construção, contribuindo para expandir os horizontes de um campo basilar à vida: a saude mental.
Dentre esses profissionais, estava François Tosquelles, um catalão nascido em território ocupado e dominado pelo Estado espanhol, portanto, asilado desde o nascimento. François é descrito, muitas vezes, como um “marxista libertário” devido ao seu envolvimento na política e por ter sido um defensor da autogestão e do combate às hierarquias.
François era médico de formação e nutria grande interesse na psicanálise, além de ser uma figura essencial, inovadora e radical no campo na psiquiatria, graças ao seu modelo de cuidado comunitário, integrando pessoas comuns no trabalho com a loucura. Infelizmente, seu legado foi esquecido na correnteza da história.
Por: Outras Palavras – 10/10/2023