Por Gabriel Brito – Site “OutraSaúde” – Pesquisa recém-publicada revela: quase 60% delas convivem com sofrimentos psíquicos. Mas as causas essenciais estão fincadas em problemas como pobreza e desamparo – e não em supostos “distúrbios” de origem pessoal
“Muitas vezes essas mulheres chegam no consultório para dizer: ‘eu estou muito triste, eu tenho vontade de tirar a própria vida. Eu não estou bem, eu só tenho vontade de chorar, eu tenho medo de tudo, eu não consigo relaxar’. E aí vem o diagnóstico de ansiedade e depressão, totalmente descolado do contexto das experiências que essa mulher vive”, provoca Juliana Callegaro Borsa, psicóloga e professora da PUC-Rio. Ela prossegue: “Isso é um debate na área de saúde mental, porque a gente não consegue atomizar. Não dá para descolar a pessoa do seu contexto – da realidade atual, e da cultura e do cenário social e histórico no qual a gente está inserido”.
Seu pensamento é corroborado por especialistas como Paulo Amarante, psiquiatra e presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental. “Muitas das questões que estamos tratando como saúde mental dizem respeito à emancipação do indivíduo, direitos humanos e cidadania. Problemas de falta de reconhecimento social, falta de direitos sociais, políticos, humanos, estão sendo relacionados a problemas de saúde mental”, afirmou Amarante ao Outra Saúde, em maio.
Relatório Esgotadas, realizada pela ONG Think Olga, a partir de entrevistas com 1078 pessoas do sexo feminino.
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