Por: Juliana Belo Diniz – OutraSaúde – Saúde Mental – Em livro recém-lançado pela Editora Fósforo, psiquiatra questiona discurso hegemônico em sua classe, que aponta raiz exclusivamente biológica para o sofrimento psíquico. E indica: é preciso que sejam muito mais que “prescritores de remédios”. Leia um trecho.
“Neste livro, pretendo desmistificar o senso comum de que psiquiatras servem exclusivamente para receitar medicamentos e de que transtornos psiquiátricos são, por óbvio, doenças do cérebro. Do mesmo modo que a psiquiatria é muito mais do que uma especialidade médica que sabe indicar antidepressivos, calmantes, estimulantes e antipsicóticos, os transtornos psiquiátricos vão muito além do resultado de um mau funcionamento do nosso cérebro.
Transtornos psiquiátricos não são mitos, mas tampouco são doenças como outras quaisquer.
Refutar uma psiquiatria que olha para nós, humanos, como se fôssemos cérebros desprovidos de história tem se tornado cada vez mais necessário em um mundo que culpa a dopamina pelos efeitos das redes sociais, que acredita que conexões cerebrais desorganizadas nos fazem agir como estranhos e que diz ser possível treinar nosso cérebro para o sucesso. O discurso centrado no cérebro, inclusive, está por todo lado, desde vídeos recordistas de visualizações sobre “dez coisas que alteram a química cerebral” até promessas de modificar receptores de dopamina com mudanças de hábito lotando as prateleiras de livrarias nas seções de autoajuda.”
Leia a matéria completa – 28/04/2025